segunda-feira, 17 de março de 2014

Capítulo 11: Convivendo com o grupo

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Disclaimer: “Other World” é uma web-série independente, cuja a autoria pertence à Lilian Kate Mazaki, publicado originalmente no blog http://otherworld-serie.blogspot.com.br

Other World – Capítulo 11
Convivendo com o grupo
por Lilian Kate Mazaki – março 2014


Após o almoço a maioria dos grupos se dirigiu ao salão de estudos do pavilhão B para realizar a atividade teórica passada pelo instrutor Steel. Juliana tentou escapar para o dormitório, mas foi capturada por Mari antes mesmo que conseguisse alcançar o corredor de acesso do refeitório. As duas encontraram com os garotos Thales e Leonardo e foram para o lugar.
O espaço lembrava as antigas bibliotecas, com muitas mesas de estudo e a algumas cabines individuais, todos os espaços separados por vidros aprova de som. Claro, não haviam prateleiras com livros, já que eles não eram utilizados comumente. Até existia um acervo físico no prédio central da base, porém apenas aficcionados como Juliana visitavam o lugar.
O método atual para realizar estudos e pesquisas em grupo era utilizando as superfícies interativas das mesas. Bastava sincronizar o HNI com o aparelho para que se pudesse projetar navegadores e editores de texto diretamente na superfície. A versão plenamente aceita e utilizada também tinha a adesão de resistência perfeita a líquidos e até aplicativos que monitoravam a temperatura de eventuais bebidas, quentes ou frias, colocadas sobre sua superície.
Quando o grupo composto por Mari, Juliana, Thales e Leonardo chegou até o salão já haviam diversos outros grupo em cabines separadas. Mari identificou o garoto que reconhecera como o filho de Gustavo Barbosa, sentado junto a um rapaz e outras duas garotas. A hacker gastou alguns instantes de pensamento se questionando se o filho seria terrivelmente parecido com o pai ou não.
O grupo pegou uma mesa retangular e cada um assumiu sua posição. Mari colocou um copo de café que havia trazido consigo no canto da sua parte da mesa e automaticamente um marcador laranja ao redor do copo apareceu na superfície. Ali diversas informações como temperatura e composição química da bebida fora exibidos:
― Detesto esse marcadores. Quem disse que eu quero saber quantas calorias tem no meu café? ― disse ela, abrindo um pequeno programa e encaixando na imagem laranja ao redor do seu café.
Com um toque ela abriu o que aparentou ser o código-fonte do aplicativo de interação com bebidas e, dando uma olhada rápida ela digitou uma série de linhas de apagou tantas outras. Depois esticou uma parte do software que havia aclopado ali e um marcador redondo surgiu. Ela o girou e ligou, semelhante ao que se faria a um relógio de cozinha antigo e o mesmo rodou de volta rapidamente. O código digitado se fechou e a borda ao redor do café assumiu uma cor roxa, sem mais mostrar diversas das informações de antes. O software implantado se deletou:
― Agora sim, podemos começar. ― disse. Os dois rapazes ficaram olhando um pouco assustados para o marcador ao redor do copo. Isso porque, teoricamente, era muito trabalhoso invadir qualquer software licenciado e vendido em grande escala e segundo porque o hacking havia sido realizado de maneira tão natural pela garota que pareceu ser apenas uma brincadeira.
― Sabe, a atividade que esse instrutor passou para todos é ridícula. ― disse Leonardo enfim deixando o marcador de lado e focando-se no grupo. ― Até parece que nós viemos para o outro mundo para ficar fazendo pesquisas idiotas, como alunos da primeira série.
― Ah, vai que ele quer ver se agente tem capacidade de usar bem os sistemas de pesquisa. ― arriscou Thales, um tanto incerto.
― Hah, isso é patético, Thales! Nós não estaríamos aqui se não soubessemos fazer nem isso! ― retrucou o irritadiço Leonardo.
― Eles devem estar apenas pegando leve no primeiro dia. ― disse Mari, que havia aberto algumas páginas de notícia e de curiosidades na sua parcela da mesa e também um editor de textos.
― Seja o que for, vamos fazer logo para ficarmos livres. ― disse Thales.
― Livres? ― riu-se Leo. ― Quer dar uma voltinha lá fora depois, é isso?
― Ah, você me entendeu, cara. Não precisa ser tão chato.
― Ok, meninos. ― interveio Mari que já não estava simpatizando tanto com o jeito ranzinza do garoto mais alto e de cabelos escuros. ― Vamos fazer assim, cada um faz sua listagem, começando desde os tipos de uso mais simples do HNI no dia a dia. Depois fazemos um cruzamento inteligente e teremos uma lista completa.
― Affe, mas que coisa mais deprimente. ― reclamou mais uma vez Leonardo.
Os quatro iniciaram suas listagens sem conversar. Thales foi quem mais demorou para começar a anotar alguma coisa no seu documento. Parecia sem criatividade para pensar em meios diferentes de usar o HNI para as mais diversas atividades. Já Juliana sequer abriu o navegador e começaram a aparecer inúmeras linhas na sua listagem. Mari foi distraída da sua própria escrita quando percebeu que a outra conseguia fazer a entrada de até cinco frases diferentes de maneira simultânea. Não apenas a programadora, como Leonardo ficaram um tanto distraídos pela maneira da ruiva.
Na verdade Mari já vinha percebendo que Leonardo sempre parecia distrair de qualquer atividade para observar o que Juliana estava fazendo. Não que fosse tanto da sua conta, mas mesmo que não entendesse a cabeça da introspectiva Lake, provavelmente nem ela ficaria feliz por ganhar um admirador de temperamento tão intragável:
― Acho que não consigo pensar em mais nada. ― comentou Thales, depois de vinte minutos de silêncio.
― Ok. Acho que já podemos juntar nossas listas. ― disse Mari.
Os documentos de Juliana, Leonardo e Thales foram duplicados enviados para o lado da mesa de Mari. Esta abriu outro programa pequeno, de interfaçe circular usou este para "sugar" os quatro documentos. Alguns momentos de processamento depois e um novo arquivo foi impresso na tela, compilando as ideias diferentes de todos os anteriores:
― Prefiro não verificar, mas tenho certeza de que 97% desse arquivo é o da Juliana. ― disse Mari, salvando e enviando cópias para os outros.
― Também, ela listou umas seis vezes mais do que eu. ― comentou Thales.
― Seis vezes mais do que eu listei. ― interpôs a hacker. ― Em comparação a sua deve ter sido umas quinze vezes mais.
― Quem envia isso para praquele instrutor babaca? ― perguntou Leonardo, que mantinha seu mal humor intocável.
― Eu envio. ― disse Mari. ― Farei isso agora mesmo. Só quero saber o que ele fará apartir disso. ― comentou.
― Ei, vocês não querem dar uma volta por aí? Acabamos ficando com um tempão livre hoje. Duvido que seja assim daqui pra frente. ― convidou Thales, animado.
― Minha pena não inclui ter que ser sociável. ― disse Mari. ― Mas, ao contrário da nossa amiga praticamente muda, eu tenho alguma necessidade de socialização. Topo.
― Pena? ― indagou Thales, confuso.
― Você não vem, Juliana? ― perguntou Leonardo.
― Ah. . . ― era visível aos olhos da programadora a insegurança que a outra estava sentindo ao ser questionada diretamente. ― Acho que sim.
― Ei, você é mais humana do que eu achava, Julie! ― surpreendeu-se Mari.
― E onde quer ir primeiro, Espertão? ― perguntou Leornado para Thales, quando grupo já estava caminhando pelos corredores do salão de estudos em direção a saída.
― Tantas escolhas! ― ironizou o rapaz de cabelos castanho claros e rebeldes. ― Olhar para o deserto do Outro Mundo; tirar fotos do deserto do Outro Mundo; comentar qualquer bobagem sobre o deserto do Outro Mundo. Não sei o que decidir.
Maravilha. ― lamentou-se Mari, arrependida de não ter preferido ir atualizar seu blog sobre hacking.






No final da tarde do primeiro dia do Treinamento do Soldados Delta, Matheus Alabart estava mais uma vez na companhia de seus amigos na área de convivência do bloco B da base humana no Outro Mundo.
O grupo composto por ele, Tiago, Sara e Milene estava reunido com o grupo composto por Fernando, Daniel Ivanoff, João e uma menina chamada Carla Machado Steins. Todos trocavam impressões sobre aquele primeiro dia de instruções:
― Vocês viram aquele traje? É super maneiro, cara! Eu quero logo ter um para sair quebrando tudo! ― ia dizendo Fernando, ajeitando o boné frouxo pela milionésima vez. Ele era um dos que estava mais empolgado.
― Deve ser difícil usar aqueles equipamentos. ― comentou Daniel Ivanoff. O garoto era bastante diferente do irmão mais velho, Fábio. Era comunicativo e simpático.
― Ah cara, mas nós fomos escolhidos porque somos capazes! ― contra-argumentou Fernando. ― Vai ser fácil!
― Pois eu não acho que vá ser nada fácil. ― opinou Milene. Dentro dos dois grupos ela foi uma das que menos se empolgou com o Sistema Delta ou suas possibildades.
― O instrutor Steel disse que nem todos tem aptidão para ser soldados, não é mesmo? Ele devia estar falando disso. ― arriscou Sara, que estava sentada um pouco afastada do centro da conversa. Matheus era quem estava mais próximo dali, sentado em uma cadeira com o encosto virado para frente.
― Acho que era um dos fatores. ― ponderou João. Apesar do rapaz a maior parte do tempo parecer bastante bobo pela sua admiração a Milene, a verdade é que ele era bastante inteligente. ― Mas existem mais fatores a serem levados em conta, como a própria motivação do candidato.
― Como assim? ― perguntou Fernando, confuso.
― É fácil, Nando. ― interveiro Tiago, animado. ― Tem gente como nós que querem ser soldados a todo o custo. E tem gente como a Sara, Milene e João que não estão aqui querendo isso.
― Eu ainda não entendo o que vieram fazer aqui. Hunf.
― Meu irmão me disse que isso iria acontecer bastante. ― comentou Daniel. ― Muitas familias que desejam que seus filhos tenham cargos de tecnologia ou administração dentro da OMM devem ter incentivado seus filhos a fazer parte do projeto como um meio de já estar dentro de alguma forma.
― É exatamente meu caso. ― disse João. ― Eu quero ser advogado, assim como meu pai. Quero ser do setor jurídico da OMM, por isso é mais fácil já ter contado com a organização desde já.
― Sabem, eu concordo um pouco com o Nando. ― disso Tiago. O garoto parecia ser incapaz de ficar muito tempo sentado em uma mesma cadeira. Andava, mudava de lado, de lugar, mas estava sempre interado da conversa. ― Vocês provavelmente não vão aproveitar tanto o treinamento.
― Estive lendo a programação do Projeto Delta. ― começou Milene. ― Eles pretendem logo separar os que realmente chegarão ao treinamento de soldados e então dedicar os restantes para aulas teóricas diferenciadas, mas também voltadas para o aprimoramento do uso do HNI.
― Viu só. Seremos pessoas diferenciadas por esse treinamento. É um grande negócio. ― concluiu João.
As conversas caminharam novamente para os detalhes do traje e tecnologia do Sistema Delta, porém Matheus não estava prestando atenção, perdido em seus próprios pensamentos:
― Matheus? ― chamou Sara, com a voz mais baixa para se direcionar apenas ao rapaz.
― Ah? O que foi? ― perguntou o loiro, acordando das suas reflexões.
― É que você está quieto. Está tudo bem?
― Sim. ― disse ele, fintando o rosto sorridente de Sara. Um calor se espalhou pelo seu peito. ― Está tudo ótimo sim, Sara.
― Que bom. Você costuma ficar mais quieto quando tem muita gente reunida, não é?
― Ah. . . Um pouco. ― respondeu Matheus. ― Você está gostando do treinamento? ― perguntou ele, interessado em puxar um diálogo com a garota.
― Por enquanto está tudo muito interessante. Só espero não passar nenhum aperto por causa da minha falta de jeito para essa coisa militar.
― Não precisa se preocupar. Eles não iriam arriscar com os que não serão soldados. E, bom, se for preciso, eu não vou deixar que nada te aconteça. ― disse Matheus, ficando muito nervoso para terminar a sua frase.
― Você. . . ― Sara encarou o garoto por mais tempo do que este desejaria, para o bem da sua timidez. ― Você é um amor, Matheus.
― Ah. . .
― Ei Matheus, Sara. ― chamou Tiago, chegando até os dois e interrompendo o diálogo. ― Que tal ir pegar alguns refris pro pessoal? Vamos lá! ― disse, já puxando os dois, cada um por um dos pulsos.
― Ei Sara, esse lugar não é incrível? É tão grande e é só um dos cinco pavilhões de treinamento. É fantástico. ― comentou Tiago.
― Ah, sim. ― respondeu Sara, um tanto constrangida.
Matheus não conseguiu disfarçar muito bem a frustração na sua expressão. Tiago era seu melhor amigo, mas às vezes tinha vontade de mandar ele fica bem longe, ainda mais em momento em que ele, Matheus, estava tendo uma conversa bacana com. . .
― Matheus?
― Hã? O que foi, Tiago?
― Cê tá viajando nos pensamentos hoje, né.
Foi mal. ― respondeu o loiro, ainda um tanto emburrado, olhando para as enormes janelas.

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