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Disclaimer:
“Other World” é uma web-série independente, cuja a autoria
pertence à Lilian Kate Mazaki, publicado originalmente no blog
http://otherworld-serie.blogspot.com.br
Other
World – Capítulo 11
Convivendo
com o grupo
por Lilian Kate Mazaki – março
2014
Após o almoço a maioria dos grupos se dirigiu ao salão de estudos
do pavilhão B para realizar a atividade teórica passada pelo
instrutor Steel. Juliana tentou escapar para o dormitório, mas foi
capturada por Mari antes mesmo que conseguisse alcançar o corredor
de acesso do refeitório. As duas encontraram com os garotos Thales e
Leonardo e foram para o lugar.
O espaço lembrava as antigas bibliotecas, com muitas mesas de estudo
e a algumas cabines individuais, todos os espaços separados por
vidros aprova de som. Claro, não haviam prateleiras com livros, já
que eles não eram utilizados comumente. Até existia um acervo
físico no prédio central da base, porém apenas aficcionados como
Juliana visitavam o lugar.
O método atual para realizar estudos e pesquisas em grupo era
utilizando as superfícies interativas das mesas. Bastava sincronizar
o HNI com o aparelho para que se pudesse projetar navegadores e
editores de texto diretamente na superfície. A versão plenamente
aceita e utilizada também tinha a adesão de resistência perfeita a
líquidos e até aplicativos que monitoravam a temperatura de
eventuais bebidas, quentes ou frias, colocadas sobre sua superície.
Quando o grupo composto por Mari, Juliana, Thales e Leonardo chegou
até o salão já haviam diversos outros grupo em cabines separadas.
Mari identificou o garoto que reconhecera como o filho de Gustavo
Barbosa, sentado junto a um rapaz e outras duas garotas. A hacker
gastou alguns instantes de pensamento se questionando se o filho
seria terrivelmente parecido com o pai ou não.
O grupo pegou uma mesa retangular e cada um assumiu sua posição.
Mari colocou um copo de café que havia trazido consigo no canto da
sua parte da mesa e automaticamente um marcador laranja ao redor do
copo apareceu na superfície. Ali diversas informações como
temperatura e composição química da bebida fora exibidos:
― Detesto esse marcadores. Quem disse que eu quero saber quantas
calorias tem no meu café? ― disse ela, abrindo um pequeno programa
e encaixando na imagem laranja ao redor do seu café.
Com um toque ela abriu o que aparentou ser o código-fonte do
aplicativo de interação com bebidas e, dando uma olhada rápida ela
digitou uma série de linhas de apagou tantas outras. Depois esticou
uma parte do software que havia aclopado ali e um marcador redondo
surgiu. Ela o girou e ligou, semelhante ao que se faria a um relógio
de cozinha antigo e o mesmo rodou de volta rapidamente. O código
digitado se fechou e a borda ao redor do café assumiu uma cor roxa,
sem mais mostrar diversas das informações de antes. O software
implantado se deletou:
― Agora sim, podemos começar. ― disse. Os dois rapazes ficaram
olhando um pouco assustados para o marcador ao redor do copo. Isso
porque, teoricamente, era muito trabalhoso invadir qualquer software
licenciado e vendido em grande escala e segundo porque o hacking
havia sido realizado de maneira tão natural pela garota que pareceu
ser apenas uma brincadeira.
― Sabe, a atividade que esse instrutor passou para todos é
ridícula. ― disse Leonardo enfim deixando o marcador de lado e
focando-se no grupo. ― Até parece que nós viemos para o outro
mundo para ficar fazendo pesquisas idiotas, como alunos da primeira
série.
― Ah, vai que ele quer ver se agente tem capacidade de usar bem os
sistemas de pesquisa. ― arriscou Thales, um tanto incerto.
― Hah, isso é patético, Thales! Nós não estaríamos aqui se não
soubessemos fazer nem isso! ― retrucou o irritadiço Leonardo.
― Eles devem estar apenas pegando leve no primeiro dia. ― disse
Mari, que havia aberto algumas páginas de notícia e de curiosidades
na sua parcela da mesa e também um editor de textos.
― Seja o que for, vamos fazer logo para ficarmos livres. ― disse
Thales.
― Livres? ― riu-se Leo. ― Quer dar uma voltinha lá fora
depois, é isso?
― Ah, você me entendeu, cara. Não precisa ser tão chato.
― Ok, meninos. ― interveio Mari que já não estava simpatizando
tanto com o jeito ranzinza do garoto mais alto e de cabelos escuros.
― Vamos fazer assim, cada um faz sua listagem, começando desde os
tipos de uso mais simples do HNI no dia a dia. Depois fazemos um
cruzamento inteligente e teremos uma lista completa.
― Affe, mas que coisa mais deprimente. ― reclamou mais uma vez
Leonardo.
Os quatro iniciaram suas listagens sem conversar. Thales foi quem
mais demorou para começar a anotar alguma coisa no seu documento.
Parecia sem criatividade para pensar em meios diferentes de usar o
HNI para as mais diversas atividades. Já Juliana sequer abriu o
navegador e começaram a aparecer inúmeras linhas na sua listagem.
Mari foi distraída da sua própria escrita quando percebeu que a
outra conseguia fazer a entrada de até cinco frases diferentes de
maneira simultânea. Não apenas a programadora, como Leonardo
ficaram um tanto distraídos pela maneira da ruiva.
Na verdade Mari já vinha percebendo que Leonardo sempre parecia
distrair de qualquer atividade para observar o que Juliana estava
fazendo. Não que fosse tanto da sua conta, mas mesmo que não
entendesse a cabeça da introspectiva Lake, provavelmente nem ela
ficaria feliz por ganhar um admirador de temperamento tão
intragável:
― Acho que não consigo pensar em mais nada. ― comentou Thales,
depois de vinte minutos de silêncio.
― Ok. Acho que já podemos juntar nossas listas. ― disse Mari.
Os documentos de Juliana, Leonardo e Thales foram duplicados enviados
para o lado da mesa de Mari. Esta abriu outro programa pequeno, de
interfaçe circular usou este para "sugar" os quatro
documentos. Alguns momentos de processamento depois e um novo arquivo
foi impresso na tela, compilando as ideias diferentes de todos os
anteriores:
― Prefiro não verificar, mas tenho certeza de que 97% desse
arquivo é o da Juliana. ― disse Mari, salvando e enviando cópias
para os outros.
― Também, ela listou umas seis vezes mais do que eu. ― comentou
Thales.
― Seis vezes mais do que eu listei. ― interpôs a hacker. ― Em
comparação a sua deve ter sido umas quinze vezes mais.
― Quem envia isso para praquele instrutor babaca? ― perguntou
Leonardo, que mantinha seu mal humor intocável.
― Eu envio. ― disse Mari. ― Farei isso agora mesmo. Só quero
saber o que ele fará apartir disso. ― comentou.
― Ei, vocês não querem dar uma volta por aí? Acabamos ficando
com um tempão livre hoje. Duvido que seja assim daqui pra frente. ―
convidou Thales, animado.
― Minha pena não inclui ter que ser sociável. ― disse Mari. ―
Mas, ao contrário da nossa amiga praticamente muda, eu tenho alguma
necessidade de socialização. Topo.
― Pena? ― indagou Thales, confuso.
― Você não vem, Juliana? ― perguntou Leonardo.
― Ah. . . ― era visível aos olhos da programadora a insegurança
que a outra estava sentindo ao ser questionada diretamente. ― Acho
que sim.
― Ei, você é mais humana do que eu achava, Julie! ―
surpreendeu-se Mari.
― E onde quer ir primeiro, Espertão? ― perguntou Leornado para
Thales, quando grupo já estava caminhando pelos corredores do salão
de estudos em direção a saída.
― Tantas escolhas! ― ironizou o rapaz de cabelos castanho claros
e rebeldes. ― Olhar para o deserto do Outro Mundo; tirar fotos do
deserto do Outro Mundo; comentar qualquer bobagem sobre o deserto do
Outro Mundo. Não sei o que decidir.
― Maravilha. ― lamentou-se Mari,
arrependida de não ter preferido ir atualizar seu blog sobre
hacking.
No final da tarde do primeiro dia do Treinamento do Soldados Delta,
Matheus Alabart estava mais uma vez na companhia de seus amigos na
área de convivência do bloco B da base humana no Outro Mundo.
O grupo composto por ele, Tiago, Sara e Milene estava reunido com o
grupo composto por Fernando, Daniel Ivanoff, João e uma menina
chamada Carla Machado Steins. Todos trocavam impressões sobre aquele
primeiro dia de instruções:
― Vocês viram aquele traje? É super maneiro, cara! Eu quero logo
ter um para sair quebrando tudo! ― ia dizendo Fernando, ajeitando o
boné frouxo pela milionésima vez. Ele era um dos que estava mais
empolgado.
― Deve ser difícil usar aqueles equipamentos. ― comentou Daniel
Ivanoff. O garoto era bastante diferente do irmão mais velho, Fábio.
Era comunicativo e simpático.
― Ah cara, mas nós fomos escolhidos porque somos capazes! ―
contra-argumentou Fernando. ― Vai ser fácil!
― Pois eu não acho que vá ser nada fácil. ― opinou Milene.
Dentro dos dois grupos ela foi uma das que menos se empolgou com o
Sistema Delta ou suas possibildades.
― O instrutor Steel disse que nem todos tem aptidão para ser
soldados, não é mesmo? Ele devia estar falando disso. ― arriscou
Sara, que estava sentada um pouco afastada do centro da conversa.
Matheus era quem estava mais próximo dali, sentado em uma cadeira
com o encosto virado para frente.
― Acho que era um dos fatores. ― ponderou João. Apesar do rapaz
a maior parte do tempo parecer bastante bobo pela sua admiração a
Milene, a verdade é que ele era bastante inteligente. ― Mas
existem mais fatores a serem levados em conta, como a própria
motivação do candidato.
― Como assim? ― perguntou Fernando, confuso.
― É fácil, Nando. ― interveiro Tiago, animado. ― Tem gente
como nós que querem ser soldados a todo o custo. E tem gente como a
Sara, Milene e João que não estão aqui querendo isso.
― Eu ainda não entendo o que vieram fazer aqui. Hunf.
― Meu irmão me disse que isso iria acontecer bastante. ―
comentou Daniel. ― Muitas familias que desejam que seus filhos
tenham cargos de tecnologia ou administração dentro da OMM devem
ter incentivado seus filhos a fazer parte do projeto como um meio de
já estar dentro de alguma forma.
― É exatamente meu caso. ― disse João. ― Eu quero ser
advogado, assim como meu pai. Quero ser do setor jurídico da OMM,
por isso é mais fácil já ter contado com a organização desde já.
― Sabem, eu concordo um pouco com o Nando. ― disso Tiago. O
garoto parecia ser incapaz de ficar muito tempo sentado em uma mesma
cadeira. Andava, mudava de lado, de lugar, mas estava sempre interado
da conversa. ― Vocês provavelmente não vão aproveitar tanto o
treinamento.
― Estive lendo a programação do Projeto Delta. ― começou
Milene. ― Eles pretendem logo separar os que realmente chegarão ao
treinamento de soldados e então dedicar os restantes para aulas
teóricas diferenciadas, mas também voltadas para o aprimoramento do
uso do HNI.
― Viu só. Seremos pessoas diferenciadas por esse treinamento. É
um grande negócio. ― concluiu João.
As conversas caminharam novamente para os detalhes do traje e
tecnologia do Sistema Delta, porém Matheus não estava prestando
atenção, perdido em seus próprios pensamentos:
― Matheus? ― chamou Sara, com a voz mais baixa para se direcionar
apenas ao rapaz.
― Ah? O que foi? ― perguntou o loiro, acordando das suas
reflexões.
― É que você está quieto. Está tudo bem?
― Sim. ― disse ele, fintando o rosto sorridente de Sara. Um calor
se espalhou pelo seu peito. ― Está tudo ótimo sim, Sara.
― Que bom. Você costuma ficar mais quieto quando tem muita gente
reunida, não é?
― Ah. . . Um pouco. ― respondeu Matheus. ― Você está gostando
do treinamento? ― perguntou ele, interessado em puxar um diálogo
com a garota.
― Por enquanto está tudo muito interessante. Só espero não
passar nenhum aperto por causa da minha falta de jeito para essa
coisa militar.
― Não precisa se preocupar. Eles não iriam arriscar com os que
não serão soldados. E, bom, se for preciso, eu não vou deixar que
nada te aconteça. ― disse Matheus, ficando muito nervoso para
terminar a sua frase.
― Você. . . ― Sara encarou o garoto por mais tempo do que este
desejaria, para o bem da sua timidez. ― Você é um amor, Matheus.
― Ah. . .
― Ei Matheus, Sara. ― chamou Tiago, chegando até os dois e
interrompendo o diálogo. ― Que tal ir pegar alguns refris pro
pessoal? Vamos lá! ― disse, já puxando os dois, cada um por um
dos pulsos.
― Ei Sara, esse lugar não é incrível? É tão grande e é só um
dos cinco pavilhões de treinamento. É fantástico. ― comentou
Tiago.
― Ah, sim. ― respondeu Sara, um tanto constrangida.
Matheus não conseguiu disfarçar muito bem a frustração na sua
expressão. Tiago era seu melhor amigo, mas às vezes tinha vontade
de mandar ele fica bem longe, ainda mais em momento em que ele,
Matheus, estava tendo uma conversa bacana com. . .
― Matheus?
― Hã? O que foi, Tiago?
― Cê tá viajando nos pensamentos hoje, né.
― Foi mal. ― respondeu o loiro,
ainda um tanto emburrado, olhando para as enormes janelas.
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