segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Capítulo 9: Teoria e prática

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Disclaimer: “Other World” é uma web-série independente, cuja a autoria pertence à Lilian Kate Mazaki, publicado originalmente no blog http://otherworld-serie.blogspot.com.br

Other World – Capítulo 9
Teoria e Prática
por Lilian Kate Mazaki – agosto 2013


Na manhã da segunda-feira seguinte, dia dia três de janeiro, os recrutas novatos de cada um dos cinco blocos foram orientados a se encaminhar, após o café da manhã, para grandes salões totalmente fechados, como um auditório que existiam em cada um dos pavilhões. Todos os salões eram idênticos, a início vazios, sem cadeiras, e apenas um pequeno palco liso.
No bloco B os jovens acabaram naturalmente reunindo-se em grupos pequenos ou maiores, conversando e trocando expectativas, enquanto aguardavam o início de qualquer atividade.
Matheus estava na companhia de Thiago e Sara, como era de se esperar, e eles trocavam algumas ideias com Milene e João. Para Matheus parecia mais do que evidente que João era completamente apaixonado por Milene, ainda que esta não parecesse fazer algum esforço para perceber isto. As reações do rapaz faziam Matheus ser forçado a esconder o riso em vários momentos.
Juliana estava encostada à uma parede, próxima a um dos cantos do salão, de braços cruzados. Mari estava em sua companhia, mas as duas não conversavam. A programadora parecia bastante ocupada em enviar mensagens matinais aos seus conhecidos de grupos sociais online. Juliana também não se importava nem um pouco com isso. A orfã se ocupava apenas de observar os pequenos grupos, sem prestar real atenção em qualquer coisa.
Levou mais de quinze minutos para que enfim um funcionário uniformizado da OMM entrasse porta adentro batendo a mesma com violência. O silêncio foi instantâneo à passagem do homem de cabelos já tomados por várias mechas prateadas. Ele atravessou toda a extensão do salão e subiu no quase indiferenciado palco e fintou aquela multidão de jovens com um olhar severo antes de pronunciar-se:
― Sejam bem vindos, mais uma vez, jovens recrutas. Meu nome é Natan Steel e serei o responsável pela parte teórica do treinamento preliminar que será realizado nos próximos dois meses. ― apresentou-se o homem, sem suavizar sua expressão em momento algum. Seus olhos apertados pareciam estar em busca de alguma coisa na expressão dos recrutas. ― Saibam que minha missão neste curso é não do que somente uma: não permitir que alguém incapaz avance para os próximos estágios da preparação dos Soldados Delta.
A tensão aumentou visivelmente a esta afirmação do instrutor Steel. Muitos se mexeram incomodados, desviando os olhares para seus companheiros ao lado. Uma minoria não desviou a atenção em momento algum da pausa momentânea que Natan deixou à sua fala:
― Ainda que todos vocês tenham sido aprovados nos exames preliminares isto não significa que estejam prontos para serem soldados. Os testes tão somente verificam a compatibilidade em potencial de cada um com as tecnologias mais avançadas do HNI.
“Não estou dizendo também que estarei caçando crianças choronas para voltarem para casa. Existem muitos outros cargos de vital importância dentro da OMM que provavelmente as pessoas sem capacidades de combate dentre vocês poderão seguir. Porém é meu dever evitar que qualquer um sem o mínimo de aptidão para situações de extrema tensão e provação continue num caminho que só o conduzirá ao fracasso.”
― Legal, não serei a única para ser apelidada de 'frangote'. ― comentou Mari aos cochichos para Juliana. Ela também estava inscrita no Plano de Treinamento, ainda que não tivesse a menor intenção de ser um Soldado Delta. Possivelmente aquilo também fazia parte de sua punição.
Natan Steel deu uma nova pausa antes de prosseguir:
― Ainda que esta parte do treinamento seja chamada de Instrução Teórica, vocês logo perceberam que as atividades desenvolvidas, onde todas utilização muito de suas capacidades de operar o HNI, terão uma relação enorme com o que necessitarão durante a Instrução Prática do treinamento.
“Para começar e deixar as coisas mais interessantes para suas mentes bombardeadas de hormônios e distrações tolas, vamos dividí-los em pequenos grupos, para a realização das atividades de modo mais dinâmico. Por favor, recrutas, todos em grupos de quatro pessoas. Escolham bem seus companheiros, pois as atividades da Instrução Prática também serão realizadas na companhia deles!” alertou o instrutor, dando o primeiro breve sorriso diante de seus alunos.
Os burburinho de conversas e passos encheu instantaneamente o ambiente. As chamadas e acertos realizados rapidamente lembravam muito a dinâmica de uma sala de aula comum durante uma preparação para trabalho em grupo. Mari e Juliana nesse momento porém se entreolharam e observaram sem muita reação enquanto os grupos se fechavam rapidamente ao redor.
Entrementes dois amigos também pareciam encontrar dificuldade para formar um grupo. Thales e Leonardo eram vizinhos desde bem novos e haviam pedido juntos aos seus familiares que lhes permitisse fazer os exames para participar do do Plano de Treinamento. Porém a postura nada amigável de Leonardo, que sempre tinha a cara amarrada para tudo e todos, não estava cooperando nada para que alguém se aproximasse para formar grupo:
― Ei, será que aquele garoto, o Daniel Ivanoff, já tem grupo? Pelo menos ele agente conheceu ontem. ― sugeriu Thales, esticando o pescoço para procurar o outro.
― Acho que é tarde demais. ― sentenciou Leonardo, encontrando o garoto que conversava animado com Fernando, o irmão mais novo do Alabast.
― Caraca, agente tá ferrado! ― exclamou Thales, olhando para todos os lados, agora procurando qualquer pessoa que parecesse desacompanhada. Foi quando seu olhar enxergou algo que lhe chamou a atenção. ― Ali! Vem, Leo! ― e nisso o rapaz pegou o braço do outro e arrastou à força, sob protestos.
― Ei, não me puxa!
Mas Thales não lhe deu atenção, pois dirigiu as pessoas que havia localizado:
― Garotas, vocês por acaso já formaram algum grupo? ― perguntou, com um sorriso franco que deixava transparecer sua falta de opções para vir abordar pessoas desconhecidas.
― Na verdade não. ― respondeu Mari, observando os dois garotos de cima abaixo enquanto respondia. ― Vocês também não?
― Não! Meu nome é Thales Dickens e meu amigo mau encarado aqui é o Leonado Menezes. Tanta gente por aqui parece já se conhecer, mas nós não temos essa sorte.
― Mari Ritcher. ― se apresentou a programadora, levantando a mão para logo em seguida apontar para a outra. ― Ela é Juliana Lake. Ainda que pareça ser muda ela sabe falar bastante quando quer.
― “Lake”? Que nem os engenheiros que foram assassinados? ― perguntou Leonado, fintando Juliana uma segunda vez.
― Exatamente como os engenheiros, Leonardo. ― interpôs Mari, numa atitude defensiva automática que chamou a atenção de Juliana.
― Er. . . Será que podemos formar um grupo? ― perguntou Thales, tentando desfazer o breve momento de embaraço.
― Mesmo que eu não aceitasse a probabilidade de só sobrarmos nós quatro seria quase um, o que me faz não ter motivo para recusar. ― respondeu Mari, abrindo um sorriso um pouco forçado. ― Vamos lá, Julie, cumprimente nossos novos coleguinhas.
― Oi. ― foi a única coisa que disse a ruiva, ainda sem se mover do lugar. Nesse momento o instrutor Natan chamou a atenção dos recrutas de volta para si.
― Certo. Parece que já estão organizados. Agora irei dizer-lhes qual atividade imprescindível irão realizar durante o dia de hoje para que amanhã possamos colher os frutos de vossos trabalhos.
“Uma lista de coisas que são possíveis de se fazer usando o HNI.”
O burburinho se tornou um zumbido alto ao anúncio da atividade de Natan Steel. No geral os jovens recrutas se entreolhavam e comentavam incrédulos sobre aquilo que havia acabado de ser proposto. Leonardo Menezes não foi exceção:
― Uma lista? Que tipo de atividade de jardim de infância é essa? Nós não estávamos aqui para nos tornar os grandes guardiões da evolução humana?! ― esbravejou ele em tom bem audível, porém o instrutor Steel parecia incapaz de ouvir a sua reclamação ou as outras que se seguiram depois desta. Aparentemente todos haviam ficado um tanto frustrados com aquela atividade.
“Ah, vejo que estamos bem no horário.” disse Natan, observando por cima da cabeça dos jovens algo e estes foram virando para acompanhar o seu olhar gradualmente. “Eles já estão liberados para você, instrutora Rock.”
Uma mulher ligeiramente alta, de cabelos castanhos ligeiramente arruivados e olhar penetrante estava parada às portas do salão, que estavam agora arreganhadas. Ela passou os olhos rapidamente pela massa dos duzentos e cinquenta jovens do bloco B e falou com uma voz ríspida:
― Chega de ficarem aí cochichando suas dúvidas inúteis. Me sigam depressa, Recrutas Deltas.




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