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Disclaimer:
“Other World” é uma web-série independente, cuja a autoria
pertence à Lilian Kate Mazaki, publicado originalmente no blog
http://otherworld-serie.blogspot.com.br
Other
World – Capítulo 1
Apenas
uma pessoa de poucas palavras
por
Lilian Kate Mazaki – julho 2013
Juliana nunca foi uma menina de muitas
palavras e sorrisos. Mesmo em casa, ou em encontros familiares, ela
sempre preferira a quietude de livros ou histórias em quadrinhos do
que a companhia e barulho de outras pessoas. Sua avó materna,
Judity, sempre reclamava a altos pulmões do estranho comportamento
daquela criança. Insinuava que seus pais haviam passado “sangue de
irresponsável” para a menina e que em breve ela se tornaria uma
fora da lei. Alguns tios apenas sorriam e dizem ser “o jeitinho
dela”, mas na verdade nenhum deles se importava o bastante para
refletir sobre o assunto.
Na verdade, ninguém se importava o
bastante, era a impressão que tinha a garota de doze anos.
Na escola a situação era parecida.
Juliana sentava na primeira cadeira à esquerda e passava todas as
aulas apenas copiando, ou então rabiscando suas próprias coisas no
papel. Durante o intervalo apenas comia seu lanche e caminhava por
alguma parte mais parada do pátio. Não que ela fosse agressiva ou
algo do tipo, mas seus colegas de aula tinham um temor enorme dela,
por esse comportamento.
Enquanto Juliana só se perguntava o
motivo de ser tão difícil fazer amigos.
Sua rotina era sempre igual, acordar,
ir às aulas, ir à biblioteca municipal, voltar para casa e jantar,
usar um pouco o computador antes de ir para o quarto, onde lia antes
de adormecer. Seus pais tinham orgulho de uma filha que apreciava
tanto o conhecimento, mas raramente conversavam com ela durante as
refeições, mesmo as raras em que os três se encontravam à mesa.
Ambos os genitores de Juliana
trabalhavam em um órgão paramilitar chamado Organização Mundial
de Exploração do Outro Mundo. A função deste grupo era de
colonizar o que, Juliana entendera, ser uma terra muito distante,
descoberta a mais de cinquenta anos, onde haviam muitos mistérios e
segredos. Pai e mãe eram engenheiros, mas seus cartões de
identificação exibiam a alcunha de “neo-combatentes”, mas a
menina não sabia contra o que lutavam, já que sempre se ouvia falar
que as Terras Novas eram um lugar inabitado e quieto. De qualquer
modo Juliana não conseguia imaginar que seu pai, um homem magro e
sem músculos tão proeminentes, poderia mesmo lutar e se questionava
se não havia alguma mentira ali.
De todo modo essas questões não eram
tanto do interesse da garota. O que ela buscava incessantemente na
literatura era apenas uma forma de fazer com que seus pais lembrassem
mais de que ela estava ali, esperando por eles todos os dias.
Aconteceu em uma tarde habitualmente
quente, como se esperaria nos meses próximos ao verão. O sol ainda
estava se encaminhando ao horizonte, apesar do avanço das horas após
às dezoito. Juliana caminhava ansiosa para o conjunto de prédios
onde residia, pois sua mãe lhe dissera aquela manhã que
provavelmente ela e seu pai estaria em casa por volta daquele
horário. Não havia tempo a perder para a menina, que se sentia
eufórica somente com a possibilidade de ter algum momento para
curtir sua família, em meio à rotina que já achava tão maçante,
mesmo que fosse tão jovem.
Correu pelo estacionamento que já
estava bastante preenchido e subiu pelas escadas laterais, quase
esquecidas, até o quinto andar, que era onde morava. Ao abrir a
porta da frente, com o habitual pouco escândalo, viu mais bolsas
sobre a mesinha do que o comum para o horário. Seu coração saltou
de alegria. Estavam em casa, avançou um pouco mais rápido e
distraída do que faria sempre.
Foi este gesto espontâneo que lhe
tirou a chance de ver o que seus olhos iriam desejar desesperados
pelos próximos onze anos de sua vida.
Um golpe atingiu a cabeça de Juliana
assim que ela atravessou a porta e um grito que não foi o seu se
escutou alto. A menina não viu quem lhe atingiu, apenas deu-se por
conta quando estava com o rosto colado no chão, depois de atingir a
parede no caminho. Dores insuportáveis tomaram conta dos dois lados
do crânio, mas ainda assim Juliana foi capaz de distinguir a voz
desesperada de sua mãe:
― Seu monstro! Não faça isso com a
nossa filha!
A voz grave, porém abafada, que
jamais Juliana esqueceu surgiu neste momento, em um tom de desdém e
audácia:
― Sinta-se aliviada por saber que
ela não terá o mesmo destino de que você, sua traidora.
― N-Não! Não faça nada com a
minha filha aqui!
― Não se preocupe, ela jamais
poderá lembrar do que não estiver acordada para escutar.
Juliana sentia o medo e dor tomando
conta de seus sentidos, fazendo-a manter-se como que paralisada no
mesmo lugar. Tentou mover a cabeça e apurar o olhar desfocado e viu
algo que fez seu peito ser tomado de ainda mais horror: um rastro de
sangue, no pedaço de parede que seus olhos conseguiam alcançar.
Inconfundível sobre a tinta amarela, o vermelho do sangue tirado à
força pela violência. Não soube porquê, mas aquilo a fez somente
temer por não escutar a voz de seu pai.
Porém não houve tempo para mais
nada. Com uma dor maior, Juliana perdeu a consciência, sendo poupada
de cenas que nasceriam em breve no seu subconsciente para jamais
abandonar. Pesadelos realistas que não saberia dizer serem mais ou
menos brutais do que o que de fato aconteceu no apartamento de quinto
andar daquele conjunto residencial de bom nome.
[Continua]
Intrigante...
ResponderExcluirSaudações
ResponderExcluirDemasiado interessante...
Mas o enredo está em aberto, ainda. E isto é muito bom, pois dá margens sobre "o que" das ações da Juliana.
No aguardo do próximo capítulo.
Até mais!
Legal, Mazaki! Esperando mais!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPara ser sincero, seco e direto sobre este capítulo: foi estranho ler. Não houve ritmo, possui demasiadas repetições relacionadas ao termo "que" em alguns momentos e me parece que há a intenção de dar um "ar" diferente a leitura, mas que acaba se perdendo, exagerando.
ResponderExcluirPor que um comentário tão duro, mesmo sabendo que é uma história inicial e que ainda haverá muito a se desenvolver? A resposta é simples: Quero recomendar 'Other World' no meu blog e sempre prezo pelo cuidado dado ao texto, principalmente depois de ter que editar algumas histórias, quebrando a cabeça (não consigo mais evitar o hábito de querer corrigir textos, apesar de ser um mero amador).
Está dado o recado! Espero conseguir ler mais por aí e conseguir fazer todas as recomendações que eu pretendo fazer, afinal, precisamos colocar as webséries no mapa!
Lillian, que texto maneiro...gostei do primeiro cap, em mim desencadeou o interesse em conhecer esse novo mundo de Other World...avançando prara o próximo cap!
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